Ok, vamos comeƧar com o capĆtulo 9 e o Nosso Senhor Jesus continua a ser apresentado como aquele operador de milagres que jĆ” no capĆtulo 8 foi sendo introduzido. Ć conhecido o capĆtulo 5, 6 e 7 e o foco fosse em seus ensinos. JĆ” os capĆtulos a seguir, atĆ© 10 pelo menos, vamos ter sobretudo Jesus como aquele que faz milagres, como aquele grande curandeiro, como aquele que tem uma autoridade superior a qualquer uma que algum profeta do Velho Testamento poderĆ” ter apresentado.
Vamos aqui lemos, vamos lembrar que ele foi expulso de Gadara, onde ele expulsou os demĆ“nios dos dois gadarenos. EntĆ£o ele volta, em versĆculo 1, E entrando no barco, expulso, no caso, passou para o outro lado e chegou a sua cidade, Galileia. E eis que lhe trouxeram um paralĆtico, e eis que lhe trouxeram um paralĆtico deitado numa cama. E Jesus, vendo a fĆ© deles, disse ao paralĆtico, Filho, tem bom Ć¢nimo? Perdoados que sĆ£o os teus pecados. O nosso subtĆtulo de hoje Ć© Jesus Cristo, o Rei que perdoa pecados.
EntĆ£o, Ć© do jeito semelhante, ele chega em Gadara e aparecem logo os endemoniados, e agora ele volta para Galileia e lhe trazem este paralĆtico. HĆ” um paralelo nessa história, porque os evangelhos tĆŖm algumas histórias que vĆ£o ser contadas por quase que todos eles, seja Mateus, seja Marcos, seja JoĆ£o, seja Lucas. E em Lucas, nós vamos ter a mesma história contada de um jeito diferente. Lucas 5, 18 a 19. E eis que uns homens transportaram numa cama um homem que estava paralĆtico, e procuravam fazĆŖ-lo entrar e pĆ“-lo diante dele.
Creio que em Marcos vĆ£o falar que esse homem foi transportado por quatro pessoas. No versĆculo 19. E nĆ£o achando por onde o pudessem levar, por causa da multidĆ£o, subiram ao telhado, e por entre as telhas o baixaram com a cama atĆ© ao meio diante de Jesus. Algo bem interessante. EntĆ£o esses homens, se nós fazermos recurso ao testemunho de Lucas, trazem este homem paralĆtico, e nĆ£o encontram forma de fazer-o chegar a Jesus, e eles sobem e lhe fazem descer do telhado.
EntĆ£o Ć© uma determinação especial. DaĆ que, ainda que Mateus nĆ£o tenha contado essa parte que Lucas conta, Mateus ainda assim passa essa ideia quando ele diz que, Jesus vendo a fĆ© deles, e por causa desse vĆŖ-lo havia uma dedicação especial, eles estavam certos, nĆ£o, se esse paralĆtico se encontrar com Jesus, Jesus farĆ” alguma coisa em relação Ć sua situação. E aĆ temos as palavras que vĆ£o causar controvĆ©rsia. Tem bom Ć¢nimo. Perdoados que sĆ£o os seus pecados.
Um ponto aqui seria, peraĆ, essa pessoa que trouxeram a Jesus paralĆtico, o problema que lhe trouxeram a Jesus foram os seus pecados ou foi a paralisia dEle? Acredito eu que a questĆ£o era a paralisia dEle. Mas o Nosso Senhor Jesus olha para este homem e diz-lhe, os teus pecados sĆ£o perdoados. Ć porque o que lhe paralisava diante de Deus nĆ£o eram os seus pĆ©s, nĆ£o eram o seu corpo, era a sua condição da alma, era o seu pecado.
Então muitas das vezes nós vemos pessoas saudÔveis aparentemente aos nossos olhos, mas aos olhos de Deus são pessoas doentes. Muitas das vezes as pessoas não percebem, estão à procura de uma intervenção sobrenatural por parte de Deus para curar uma enfermidade, para resolver um problema na carne, quando Deus estÔ a olhar para essas pessoas e estÔ a dizer assim, hÔ um problema superior do que aquilo, é um pecado que estÔ na tua vida, é um desvio do teu coração.
E eu acho que essa resposta do Nosso Senhor Jesus nos ensina isso, que por vezes o nosso maior problema, nem vou dizer por vezes, a condição especial que Deus quer ver resolvida em nós Ć© aquilo que tem a ver com a nossa alma, com o estado do nosso espĆrito, só depois Ć© com o estado do nosso corpo. E hĆ” outra coisa que, embora aqui o texto nĆ£o fale, mas em algum outro texto veremos, parece que por vezes hĆ” um relacionamento entre a doenƧa do corpo e a doenƧa do espĆrito.
Por vezes era necessĆ”rio mesmo primeiro se perdoar os pecados para que Jesus pudesse depois curar o corpo. HĆ” esse relacionamento, mas nĆ£o Ć© esse o texto que nós veremos. Aqui podemos ter um pouquinho dessa sombra. EntĆ£o esse Ć© o primeiro ponto. O segundo ponto Ć© quando Jesus diz, perdoados sĆ£o os seus pecados, a pergunta mais óbvia seria, aos olhos daqueles que estavam ao seu lado, quem Ć© esse homem que perdoa pecados? Quando o Nosso Senhor Jesus repreendeu os ventos e a tempestade, a pergunta que ficou para nós, que os discĆpulos fizeram Ć©, quem Ć© esse homem que atĆ© os ventos e a tempestade se levem? Aqui o mesmo Mateus vai nos lanƧar de forma muito sutil essa pergunta.
Quem Ć© esse homem que atĆ© pecados perdoa? Que tipo de rei Ć© esse? E Ć© o que nós vamos ver aqui a ser apresentado nos versĆculos a seguir. Mas antes de nós irmos nestes versĆculos, lembremos agora de algo que pode nos escapar. Se nós tomarmos em conta o testemunho de Lucas, que este homem foi levado pelos seus amigos atĆ© Jesus, uma das coisas que nós nĆ£o podemos escapar e nos perguntar Ć©, que tipo de amigos sĆ£o esses? Porque Ć© fĆ”cil nós vermos amigos do copo, amigos dos namoros, amigos do desporto, mas amigos que levam alguĆ©m para a vida sĆ£o raros.
à algo que nós precisamos nos perguntar. Que tipo de amigo eu sou com as pessoas que eu chamo de amigos? Sou amigo do copo? Sou amigo da conversa? Sou amigo da piada? Ou sou amigo que leva o amigo para a vida? Porque quem não tem Jesus estÔ morto, estÔ paralisado. E se nós somos verdadeiros amigos, a coisa mais bÔsica que nos vai surgir ao coração é levar os nossos amigos para Jesus, para que as suas almas sejam salvas.
E vejam que o texto nos diz que, segundo Lucas, que eles subiram ao telhado. E eu queria dizer que o amor verdadeiro nos faz subir. O amor falso é que não nos faz subir. Eles subiram ao telhado pela força do amor que eles tinham para com o amigo, e pela fé que eles tinham que, subindo, conseguiriam fazer descer o amigo para Jesus. E o que o Nosso Senhor Jesus fez por amor? Subiu até o CalvÔrio e lÔ foi crucificado.
Esse subir nĆ£o deixa de ser a imagem do sacrifĆcio. O amor nos leva a nos sacrificarmos. Todo amor verdadeiro traz consigo uma cruz, traz consigo sacrifĆcio. Se nĆ£o Ć© sacrifĆcio, nĆ£o Ć© amor. Ć emoção, Ć© aquele amor das telenovelas, dos beijos bonitos e tudo mais, mas nĆ£o Ć© o amor verdadeiro, o amor puro. EntĆ£o a pergunta que fica para nós Ć©, estamos a subir a algum telhado? SerĆ” que estamos a nos sacrificar pelos nossos familiares, pelos nossos amigos, pelas pessoas que nós amamos, por amor a elas e, acima de tudo, por amor a Deus? Ć uma pergunta que nĆ£o podemos deixar passar.
Temos que olhar, por exemplo, destes homens que levaram o amigo deles. EntĆ£o, no versĆculo 3 a 8 nós lemos, E eis que alguns dos escribas diziam entre si, El blasfema. Por quĆŖ? Porque Jesus disse, Perdoados sĆ£o os teus pecados. Isso Ć© blasfĆŖmia. Ć aquela coisa, na mente destes escribas, dos leitores que conheciam a lei supostamente, eles nĆ£o conseguiam imaginar que fosse possĆvel um homem perdoar pecados. Mas como Ć© que um homem vai perdoar pecados? O Ćŗnico que perdoa pecados Ć© Deus.
Essa autoridade nĆ£o Ć© dada aos homens. EntĆ£o eles comeƧam a dizer entre si, Isto aqui Ć© blasfĆŖmia. Isto Ć© heresia. Isto Ć© mensagem de demĆ“nio. Isto nĆ£o faz parte daquilo que Deus deu aos seres humanos. E o que Ć© que isto nos introduz? Ć nada mais do que a repetição do mesmo tema que jĆ” vimos desde o inĆcio, que no livro de Mateus os escribas, os fariseus, os saduceus, sĆ£o apresentados numa visĆ£o fundamentalmente negativa, como aqueles que nĆ£o estavam a interpretar bem a lei, a TorĆ”.
E o Nosso Senhor Jesus Ć© aquele ensinador que tem a doutrina correta e verdadeira. Lembramos do inĆcio que nós falĆ”vamos que esta carta de Mateus Ć© endereƧada a uma comunidade que estava a viver essa guerra, se assim podemos falar, com os outros movimentos religiosos daquele tempo, como os saduceus, como os fariseus, como os efĆ©reos, enfim. E tudo que Mateus estĆ” aqui a tentar apresentar Ć© uma consciĆŖncia da identidade do verdadeiro discĆpulo de Cristo. EntĆ£o Ć© normal nós vermos esse tema a ser repetido, que Ć© nada mais do que como a comunidade de Cristo, dos discĆpulos, tem a verdadeira doutrina, tem a verdadeira interpretação da lei e como os outros estĆ£o equivocados.
EntĆ£o aqui temos esse ponto de novo. Os escribas vĆ£o, de alguma forma, memorar esse blasfema. VersĆculo 4. Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse. Mas, desculpem, disse. Porque pensais mal em vossos coraƧƵes. VocĆŖs pensam mal, o vosso coração tem maus pensamentos. Por quĆŖ? Ele diz. Pois, qual Ć© mais fĆ”cil? Dizer, perdoados que sĆ£o os seus pecados, ou dizer, levanta-te e anda? O que vocĆŖs acham que Ć© mais fĆ”cil? Eu dizer, perdoados que sĆ£o os seus pecados, ou dizer ao paralĆtico, levanta e anda? Perguntou-lhe isso.
Ć uma forma do Nosso Senhor Jesus a manifestar a sua honra perante os seus detratores. Lembram daquele quesito que nós jĆ” falamos no inĆcio e voltaremos a falar vĆ”rias vezes na medida que nós lermos o Novo Testamento? Essa questĆ£o cultural de honra e deshonra. Uma das coisas que acontece Ć© o desafio. Esse pensamento que estavam a ter os escribas Ć© uma forma de afrontar a honra e o respeito de Jesus. E Jesus, entĆ£o, lhes responde para lhes mostrar quem Ele, na verdade, Ć©.
A sua honra e seu valor em Deus. NĆ£o na carne. EntĆ£o, eles lanƧam essa pergunta. Ć claro que eles nĆ£o conseguem responder. Uma dica ao interpretarmos as Escrituras. Quando encontrarmos uma parte na BĆblia onde encontramos uma situação em que estĆ” uma pergunta e nĆ£o tem resposta, tipicamente Ć© para nos mostrar que as pessoas que lhes fizeram a pergunta nĆ£o estavam capacitadas para responder. EntĆ£o, nesse caso, quando Jesus pergunta, nĆ£o temos a resposta dos escribas. Aqueles que concederam estavam sem palavras.
EntĆ£o, no verso 6. Ora, Jesus continua. Em outras palavras, jĆ” que vocĆŖs nĆ£o conseguem me responder, escutem. Para que saibais que o Filho do Homem tem na Terra autoridade para perdoar pecados, disse entĆ£o ao paralĆtico. Levanta-te, toma a tua cama e vai para a tua casa. Verso 7. E levantando-se foi para a sua casa. O paralĆtico. VocĆŖ vĆŖ que foi curado. E a multidĆ£o vendo isto maravilhou-se e glorificou a Deus que dera tal poder aos homens.
Vejam como é que esta história contada, em outras palavras, enquanto Jesus estava a responder os escribas, a multidão estava lÔ assistindo quem ia ganhar. à como se tivéssemos aà o combate e tivéssemos uma multidão de telespectadores. Como é que isso fica? E no final, então, apresentamos a avaliação dos telespectadores desse combate. E eles ficam maravilhados e glorificam a Deus. Em outras palavras, vêem Jesus a manifestação de Deus. E a maravilha, aqui o texto nos diz, era porque eles estavam a pensar que coisa é essa que Deus vai dar esse tipo de poder ao homem.
E a pergunta aqui Ć© exatamente qual o poder que eles estĆ£o a falar. Poder de perdoar ou poder de curar? Me parece que as duas coisas, sim. Mas, talvez, de forma particular, essa nova fase da manifestação do poder de Deus em Jesus que Ć© exatamente essa questĆ£o de poder perdoar pecados. Mas, notem uma coisa aqui. E vamos falar disso daqui a pouco. No capĆtulo anterior, nós jĆ” falamos de uma terminologia que o Senhor Jesus usou para si mesmo, mas nĆ£o falamos muito sobre aquilo.
Aqui no verso 6, o Nosso Senhor Jesus vai dizer, Ora, para que saibas que o Filho do Homem tem na terra autoridade para perdoar pecados. Por que é que o Nosso Senhor Jesus se chama Filho do Homem? à uma questão muito importante. à um dos termos que o Nosso Senhor Jesus mais vai usar para se referir a si próprio. Filho do Homem. Em João 20, de 19 a 23, nós vamos ler algo bem interessante que casa com isso que acabou de acontecer aqui, que é Jesus perdoar pecados.
Veja o que Ć© que nós lemos. Chegada, pois, Ć tarde daquele dia, depois do Nosso Senhor ter ressuscitado, nós lemos o primeiro dia da semana e, cerradas as portas, onde os discĆpulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus e pĆ“s-se no meio e disse-lhes, Paz, seja convosco. Dizendo isto, mostrou-lhes as suas mĆ£os de um lado. De sorte que os discĆpulos se alegraram vendo o Senhor. Disse-lhes depois Jesus outra vez, Paz, seja convosco. Assim como o Pai me enviou, atenção, tambĆ©m eu vos envio a vós.
E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes, Recebei o EspĆrito Santo. Agora aqui, no verso 23, nós lemos, Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhes serĆ£o perdoados. E aqueles a quem os retiverdes, lhes sĆ£o retidos. Em outras palavras, nosso Senhor Jesus disse, Eu vos envio, tal como o meu Pai me enviou, e, inclusive, o poder que o meu Pai pĆ“s em mim, tambĆ©m estarĆ” em vocĆŖs. Do mesmo jeito que eu tenho a autoridade de perdoar, vocĆŖs agora tambĆ©m tĆŖm a autoridade de perdoar.
Em outras palavras, quando, aqui no verso 23, aliĆ”s, no verso 8 de Mateus 9, quando eles ficam maravilhados porque Deus deu a tal poder aos homens, fica aĆ essa mensagem, que como Ć© possĆvel? Aquilo que inicialmente soubemos em Jesus, afinal ele deu a todos os homens que lhe abraƧam, que lhe seguem. Ć essa visĆ£o aĆ. E Ć© talvez algo que nós, no nosso dia a dia, temos pouco falado sobre isso. Que o Senhor Jesus deu aos seus discĆpulos a autoridade de perdoar pecados.
Algo bem profundo. Em Mateus 18, de 15 a 19, nós vamos ler algo que cai na mesma linha e na mesma mensagem. Nós lemos, Ora, se teu irmão pecar contra ti, o Senhor Jesus vai ensinar, vai e repreende-o entre ti e ele só. E se te ouvir, ganhaste o teu irmão. Mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas, toda a palavra seja confirmada. E se não a escutar, diz-o à igreja, à Assembleia dos Santos, à comunhão dos irmãos.
E se tambĆ©m nĆ£o escutar a igreja, considera-o como um gentil e publicano, alguĆ©m que nĆ£o conhece a Deus. VersĆculo 18 Em verdade vos digo, que tudo o que ligarde na terra, serĆ” ligado no cĆ©u. E tudo o que desligarde na terra, serĆ” desligado no cĆ©u. EntĆ£o essa capacidade, essa autoridade que o Senhor Jesus dĆ” aos discĆpulos de perdoar, Ć© em consonĆ¢ncia com o coração de Deus. A vossa misericórdia serĆ” a misericórdia do Pai. O vosso perdĆ£o serĆ” o perdĆ£o do Pai.
Ć assim que nós nos tornamos, como corpo, ligados a Deus. Eu acho que o mesmo pensamento estĆ” aplicado nas palavras que encontramos de Tiago. Tiago 5, de 13 a 15. Ele vai dizer assim, Se estĆ” alguĆ©m entre vós aflito, ore. EstĆ” alguĆ©m contente, cante louvores. EstĆ” alguĆ©m entre vós doente, chame os presbĆteros da igreja e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor. E a oração da fĆ© salvarĆ” o doente, e o Senhor o levantarĆ”.
E se houver cometido pecado, seriam perdoados. Ć o mesmo pensamento que Tiago tem, nĆ£o Ć©? EntĆ£o Ć© esse o poder que aqui estĆ” em jogo. Como que maravilha Deus ter dado tal poder aos homens. Nunca tĆnhamos nós entendido que isso fosse possĆvel. NĆ£o lemos isso na TorĆ”, no Velho Testamento. NĆ£o lemos isso. Ć algo especial. Embora, eu acho que a lei aponta para isso. E eu tenho em mente o caso de Jó. Quando os seus amigos falaram algumas besteiras e no final o Senhor diz, olha, peguem ovelhas, vĆ£o para o meu servo Jó para que ore por vocĆŖs.
Se ele orar por vocĆŖs, eu vou perdoar. Ć como se o perdĆ£o de Deus tivesse condicionado ao perdĆ£o que viesse de Jó. Ć mais ou menos o mesmo princĆpio. Ć aqui em sombra, mas o Velho Testamento jĆ” apontava para isso. EntĆ£o, aqui estamos a ver essa questĆ£o do poder que foi dado aos homens. Mas como fica? O que Ć© que Jesus quer dizer com filho do homem? E eu acho essa parte bem interessante. Em Mateus 8, versĆculo 20, que nós falamos anteriormente, nós lemos, e disse Jesus, as raposas tĆŖm covis, as aves do cĆ©u tĆŖm ninhos, mas o filho do homem nĆ£o tem onde reclinar a cabeƧa.
EntĆ£o, esse filho do homem, quem Ć©? Ao longo da nossa leitura, agora jĆ” temos duas citaƧƵes, vamos encontrar vĆ”rias repetiƧƵes desse termo. Em Lucas, em Marcos, vai repetir. EntĆ£o, quais sĆ£o as ideias Ć volta desse tĆtulo ou termo? Os estudiosos bĆblicos vĆ£o degladeando em torno disso e tĆŖm vĆ”rias teorias. Vamos aqui ver algumas, que eu acho que, bĆblicamente, poderĆ” nos facilitar a ter uma ideia do que o Nosso Senhor estĆ” a tratar, sem termos que entrar em muitos detalhes, nĆ£o Ć©? Mas, lembramos em Filipenses, nós temos, jĆ” lemos essa passagem, de como o Nosso Senhor Jesus, ainda que subsistindo em forma de Deus, nĆ£o teve por desopação ser igual a Deus, antes se humilhou, jĆ” lemos aquela passagem vĆ”rias vezes.
O verso 7 de Filipenses 2 diz, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. Em outras palavras, o verbo Cristo se fez humano, como nós. EntĆ£o, uma forma de nós entendermos o termo Filho do Homem, Ć© ser humano. AtĆ© porque, mesmo quando nós, no nosso contexto aqui do texto, no versĆculo 8, o que Ć© que nós temos? E a multidĆ£o, vendo isto, maravilhou-se e glorificou a Deus, que dera tal poder aos homens.
NĆ£o Ć© isso que estĆ” aqui escrito? Esse poder Ć© que eles viram o Filho do Homem. EntĆ£o, Filho do Homem e os homens sĆ£o apresentados aqui como sinĆ“nimos. Ć ser humano. E essa humanidade de Jesus passa, se nós levarmos filipenses em conta, essa ideia de serviƧo, de humildade, de simplicidade, de se rebaixar. Ć aĆ onde estĆ” a imagem de Filho do Homem, um servo de Deus. Ć aĆ. Mas nĆ£o para por ali. Essa linguagem, no grego, vai ser a mesma que vamos encontrar em GĆŖnesis 6, onde nós lemos, Viram os filhos de Deus, que as filhas dos homens eram formosas.
Lembram-se dessa história, não é? Aqui a única diferença com filhas dos homens é que o gênero é feminino. Filhas dos homens. Aqui, no caso, Nosso Senhor Jesus estÔ a dizer Filho do Homem. Num hebraico, é Filhas de Adão. Filho de Homem seria mais ou menos Filho de Adão. Então, Nosso Senhor Jesus estÔ a se apresentar como descendência de Adão. Humano. Aquele que foi criado do pó. à essa a ideia principal. Mas hÔ uma outra dimensão deste Filho de Homem, que eu acho o mais provÔvel que Nosso Senhor Jesus estÔ a se referir.
Vamos em Daniel 7. Em Daniel 7, de 1 a 14, vamos encontrar aquela imagem profĆ©tica de uma visĆ£o que Daniel teve, viu quatro bichos, e cada um desses bichos tinha o seu significado, que o texto vai mesmo explicar. Mas no versĆculo 13 a 14, da visĆ£o que Daniel teve, Ć© que vamos encontrar uma alusĆ£o clara a este outro Filho do Homem, quer dizer, outro no sentido do Velho Testamento, da palavra Filho de Homem. Nós vamos ler assim.
Eu estava olhando nas minhas visƵes da noite, Daniel 13 a 14, e eis que vinha nas nuvens do cĆ©u um como o Filho do Homem, e isso no hebraico Ć© Filho de Enoch, Enoch tambĆ©m Ć© uma forma de homem, ok? Ć a palavra Enoch. Um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao anciĆ£o de Dias, e o fizeram chegar atĆ© ele. O anciĆ£o de Dias nessa visĆ£o Ć© claramente referĆŖncia de Deus, Pai. VersĆculo 14. E foi-lhe dado o domĆnio e a honra e o reino para que todos os povos, naƧƵes e lĆnguas, o servissem.
O seu domĆnio Ć© um domĆnio eterno que nĆ£o passarĆ”, e o seu reino tal que nĆ£o serĆ” destruĆdo. Quem recebeu esse domĆnio? O Filho do Homem. Daniel 7. EntĆ£o, na mente do hebreu, do judeu, do escriba que conhecia a lei, o Messias era naturalmente ligado a essa imagem do Filho do Homem, de Enoch. Agora, hĆ” algumas diferenƧas que o Nosso Senhor Jesus apresenta na sua forma de fazer as coisas que nĆ£o encaixavam na forma como esses escribas entendiam que o Messias devia ser.
Esse Messias expulsa demÓnios, esse Messias perdoa pecados, esse Messias cura enfermidades, essas coisas todas não estavam claras que seriam atributos do Messias que o judeu tinha em mente. E é isso que vai fazer confusão e alguns grupos não vão aceitar a Jesus. Veja em Mateus 26, de 62 a 65, para entendermos como é que esse Filho do Homem que Jesus estÔ aqui a dizer se associa ao caso de Daniel 7. Antes do Nosso Senhor Jesus ser crucificado, ele estÔ encarcerado, estÔ preso e o cenÔrio vai surgir em que vão lhe confrontar pelo sumo sacerdote.
Nós lemos assim no verso 62 de Mateus 26. E levantando-se o sumo sacerdote, disse-lhe a Jesus nĆ£o respondes coisa alguma ao que estes depƵem contra ti? VersĆculo 63, Jesus porĆ©m guardava silĆŖncio. E insistindo o sumo sacerdote disse-lhe Conjure-te pelo Deus vivo que nos digas se tu Ć©s o Cristo, o Filho de Deus. VersĆculo 64, disse-lhe Jesus Tu disseste, digo-vos porĆ©m que vereis em breve o Filho do Homem assentado Ć direita do poder e vindo sobre as nuvens do cĆ©u.
65. Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo, blasfemou. Para que precisamos ainda testemunhas, eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia. E a pergunta é óbvia, né? Se o sumo sacerdote considerou blasfémia as palavras de Jesus é porque entendeu a implicação do que Jesus acabava de falar. Ele entendeu que isso não é palavra de um homem. Ele estÔ a falar coisas que ao nosso ver são coisas de Deus. Ele não pode ser esse Filho do Homem que ele estÔ a dizer.
Vejam quando ele diz que daqui em diante vereis em breve o Filho do Homem assentado Ć direita do trono ou melhor, Ć direita do poder e vindo sobre as nuvens do cĆ©u. Ele estĆ” a dizer que vereis o Filho do Homem Ć direita do Pai, Ć direita de Deus. Ć isso que Jesus estĆ” a dizer. Olhem para Salmos 110. VersĆculo 1. Salmos 110, versĆculo 1. Salmo de Davi. E Ć© um Salmo que o livro de Hebreu vai citar sobre Jesus.
Ele diz. Ć uma referĆŖncia messiĆ¢nica. Mas nĆ£o somente isso, porque aquilo que nós acabamos de ler em Daniel 13 versĆculo 13, aliĆ”s, Daniel 7, versĆculo 13 junta-se a essa ideia. Vejam o verso 13. E o que Ć© que acontece? VersĆculo 14. Foi-lhe dado o domĆnio e a honra e o reino. Foi posto na mĆ£o direita de Deus. Estar na mĆ£o direita de Deus significa isso. NĆ£o Ć© posição geogrĆ”fica. Ok? O braƧo, o teu braƧo direito Ć© a pessoa que vocĆŖ confia.
Não é isso que nós falamos? O meu braço direito é nesse sentido. Então, quando o Nosso Senhor Jesus diz que me vereis em breve assentado à direita do poder, é isso. E isso entendeu o escriba, o sumo sacerdote, e ele considerou de blasfêmia. Então, o Filho do Homem tem a ver com isso. E uma das coisas que podemos ainda acrescentar a isso é que mesmo naquele tempo, ainda que o sumo sacerdote e os principais fariseus não abraçassem essa visão que Jesus pudesse ser esse Filho do Homem, no seio judaico existiam grupos que pensavam sobre o Filho do Homem como algo parecido a isso que Jesus acaba de falar mesmo.
No livro apócrifo de 1ĀŖ Enoca, que Ć© datado por aĆ uns 200 anos antes de Cristo, hĆ” uma figura tambĆ©m de Filho de Homem nesse livro. E as caracterĆsticas sĆ£o parecidas. Nós nĆ£o precisamos falar que Enoca estava a falar mesmo de Jesus. Falamos de Enoca como o escritor desse livro, nĆ£o que seja mesmo o Enoca, o pseudo-Enoca melhor. Mas podemos, ao ler esse texto, dizer que existia na mente judaica uma concessĆ£o teológica de um suposto Filho do Homem muito parecido com o Filho do Homem que Jesus se apresenta.
E vamos ler um trecho para vermos algumas semelhanƧas, embora acho que jĆ” terei lido alguma coisa no inĆcio dos nossos estudos. EntĆ£o, 1ĀŖ Enoca, 48, versĆculo 2 a 10. Nós lemos, E naquela hora, aquele Filho do Homem foi nomeado na presenƧa do Senhor dos EspĆritos. No livro de Enoca, Deus Ć© chamado Senhor dos EspĆritos. E seu nome perante aquele a quem pertence o tempo antes do tempo. Sim, antes que o Sol e os sinais fossem criados, antes que as estrelas do cĆ©u fossem feitas, seu nome foi nomeado perante o Senhor dos EspĆritos.
Ele serĆ” um apoio para os justos, sobre o qual se sustentar e nĆ£o cair, e Ele serĆ” a luz dos gentios e as esperanƧas daqueles que estĆ£o aflitos de coração. Todos os que habitam a terra cairĆ£o e adorarĆ£o diante dele. EstĆ” a ver Filipenses, nĆ©? O Filipenses 2, aquela passagem onde diz, e todos os joelhos se dobrarĆ£o diante de si e toda a lĆngua confessarĆ”. EstĆ” a ver a semelhanƧa? Todos os que habitam a terra cairĆ£o e adorarĆ£o diante dele, e louvarĆ£o e abenƧoarĆ£o e celebrarĆ£o com cĆ¢ntico o Senhor dos EspĆritos.
Por esta razĆ£o Ele foi escolhido e escondido diante dele, do Senhor de Deus, antes da criação do mundo e para sempre mais. A sabedoria do Senhor dos EspĆritos o revelou aos santos e justos, pois Ele tem preservado a sorte dos justos, porque eles odiaram e desprezaram este mundo de injustiƧa. E odiaram todas as suas obras e caminhos em nome do Senhor dos EspĆritos, pois em seu nome sĆ£o salvos, e de acordo com o seu bom prazer tem sido em relação Ć sua vida.
Vamos ver aqui que esta figura de filho do homem no livro de Noque é muito semelhante a Jesus, como apresentado no Novo Testamento. Então acredito eu que quando o Senhor Jesus estÔ a falar, estÔ a chamar de filho do homem, temos tudo isso junto. EstÔ a se apresentar como este servo, este humano verdadeiro filho do homem, e nesse filho do homem também este filho do homem de Daniel 7. Aquele que virÔ, aquele que estarÔ nessa altura ao braço, é o braço direito de Deus Todo-Poderoso.
EntĆ£o de 9 a 13 nós lemos E Jesus passando adiante dali, passamos esta parte que ele curou o paralĆtico, respondeu aos tribas. Jesus passando adiante dali viu assentado na recebedoria um homem chamado Mateus, e disse-lhe, segue-me. E ele levantando-se o seguiu. Coisa muito linda. Essa palavra, como Ć© que Ć©, recebedoria, trata-se do balcĆ£o onde se recebiam as taxas. Quer dizer que Mateus era um publicano, ele era um oficial que recebia taxas, um cobrador de taxas. Nosso Senhor Jesus a passar e ver este cobrador de impostos, lhe chama, vem e segue-me.
E ele levanta e segue. Fica assim uma coisa bem interessante, se Ć© a palavra do Senhor Jesus que tinha um poder com a autoridade que ele tinha, que os discĆpulos ao ouvirem nĆ£o tinham como resistir. Se Mateus estĆ” simplesmente a simplificar a forma como Jesus alcanƧou Mateus, acho que fica assim meio que aberto Ć nossa imaginação. Embora, a mim pelo menos, vem essa tendĆŖncia de olhar para GĆŖnesis. Quando Deus estĆ” a criar e diz, haja luz, e hĆ” luz, e Ć© tudo pela palavra as coisas vĆ£o acontecendo, Ć© como se Nosso Senhor Jesus tambĆ©m tivesse a fazer algo desse tipo.
Ele diz, segue-me, vem e segue-me, e a pessoa ouve e segue. Tem aà um pouquinho disso também. Mas não vamos esquecer que quem estÔ a ser chamado aqui é um publicano, é um cobrador de impostos. E o cobrador de impostos era visto como um traidor, ele era tomado como o pior dos pecadores entre os judeus. Por quê? Para quem trabalhava o cobrador de impostos? Para os romanos. Então, para o judeu, o judeu que trabalha para Roma é um traidor, porque os romanos são os imperadores, são os colonizadores.
Desculpa, entĆ£o havia um estigma, um preconceito muito forte em relação aos publicanos ou cobradores de impostos. E Ć© exatamente esse tipo de pessoa que Nosso Senhor Jesus chama, e ele segue. E aconteceu que estando ele em casa, sentado Ć mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores. Publicanos e pecadores. Porque o publicano e o pecador, na mente do judeu, eram a mesma coisa. E estes vieram e sentaram-se junto com Jesus e seus discĆpulos. E os fariseus, vendo isso, disseram aos seus discĆpulos, porque como eu vou ser um mestre com os publicanos e pecadores? Quer dizer, nĆ£o encaixava na mente dos fariseus, dos discĆpulos, nĆ£o encaixava.
Como é que esse suposto mestre vai sentar com pecadores? Ele não é santo, ele não é puro. Isso não faz sentido. O puro e o impuro devem ser separados. Como é que ele estÔ a juntar-se com os impuros? E é claro que Mateus estÔ a apresentar isso para dizer que? Que os escribas continuam a entender mal a lei. Que a interpretação delas continua sendo errada. Jesus, porém, ouvindo isso, disse-nos, Não necessitam de médicos os sãs, mas sim os doentes.
VersĆculo 13 Id, porĆ©m, e aprendei o que significa misericórdia quero e nĆ£o sacrifĆcio. Porque eu nĆ£o vim a chamar os justos, mas os pecadores a arrependimento. Ć muito interessante isso, porque eu jĆ” ouvi, muita gente tem dito, atĆ© Jesus andava com pecadores. E as pessoas quando falam de Jesus andar com pecadores, Ć© como se Jesus, no seu dia a dia, o pessoal que estava com ele, que caminhava com ele, que dormia com ele, que fazia as coisas, eram pecadores.
Mas isso Ć© uma mĆ” interpretação. Jesus, como aqui o texto, no final, estĆ” a nos dizer, Ele próprio estĆ” a dizer que eu vim para chamar os pecadores ao arrependimento. Quer dizer que ele abraƧava os pecadores na medida que eles ensinavam a palavra de Deus para que se arrependessem. Jesus nĆ£o estava com pecadores sem os chamar para o arrependimento. NĆ£o, ele tinha a porta aberta para que essas pessoas se voltassem a Deus. Ć por essa razĆ£o que ele chama os ateus, Ć© por essa razĆ£o que ele e seus discĆpulos aceitam que os pecadores aceitem na mesma mesa.
Porque ele vai pregar o arrependimento, porque ele vai lhes mostrar o caminho da vida. Jesus nĆ£o fecha a porta da salvação para os pecadores. Os fariseus estavam a fechar. Eles olhavam para os outros e diziam, Ć©, sĆ£o impuros e nós nĆ£o temos nada a ver com elas. Quando no livro de Oseias 6, versĆculo 6, que o Nosso Senhor cita aqui no verso 13, e de aprender o que significa misericórdia, quero e nĆ£o sacrifĆcio. No contexto lĆ” de Oseias, Deus estĆ” a reclamar dos caminhos errados que o povo havia abraƧado.
Esse povo caminhava na injustiƧa, mas nunca parava de levar sacrifĆcios no templo. Quer dizer, religiosos, dedicados, legalistas. Quer dizer, nós temos que matar os nossos bois, ovelhas e oferecer sacrifĆcio, porque Ć© isso que Deus manda. Mas Deus mandar ser misericordioso e justo para com os mais necessitados, eles nĆ£o tinham isso no coração. Em outras palavras, estavam mais interessados em cumprir com os rituais da lei do que em obedecer o EspĆrito da lei. Que era a misericórdia, que era a compaixĆ£o, que era produzir um coração justo, que faz o bem, que faz o que Deus quer.
E nĆ£o simplesmente levar ovelhas. Deus nĆ£o quer que nós, usando a imagem do Velho Testamento, que fiquemos aĆ todos, Ć© para todo domingo estou na igreja, canto no coral, faƧo vĆ”rias coisas em nome de Deus, mas nĆ£o sei tratar bem o próximo, nĆ£o consigo ser compassivo, nĆ£o sou puro nos meus procedimentos, nĆ£o sou justo, nĆ£o consigo cumprir com as minhas promessas, Deus nĆ£o quer isso. EntĆ£o Ć© essa imagem que o Senhor estĆ” dizendo. VĆ£o aprender misericórdia, quero, e nĆ£o sacrifĆcio.
Um coração misericordioso Ć© o que Deus estĆ” interessado. Deus nĆ£o estĆ” interessado com sendo mate uma ovelha e oferece um sacrifĆcio. Deus nĆ£o estĆ” interessado que nós enxamos as nossas igrejas no domingo, mas segunda a sĆ”bado somos fofoqueiros, fornicadores, mentirosos, injustos. Ć isso que nós podemos aprender aqui. Deus quer um coração transformado. E Ć© isso que Jesus lanƧa a essa gente. Em outras palavras, vocĆŖs cumprem com os rituais da lei, mas nĆ£o cumprem com o coração da lei, que Ć© produzir em vocĆŖs um coração justo.
Eu estou a usar o termo justo porque misericórdia e justiƧa no Velho Testamento sĆ£o inseparĆ”veis. Tenhamos repetido isso, mas nós vamos ler algumas passagens que mostram isso. Esdras 9, versĆculo 15. Podem ler o capĆtulo todo de Esdras 9 para entender, mas eu vou ler algumas passagens que mostram essa realidade. Ele vai orar assim. Ah, Senhor Deus de Israel, justo Ć©s, justiƧa. Agora vem o que Ele vai falar depois. Pois ficamos com hĆ” um remanescente que escapou, como hoje se vĆŖ.
Estamos diante de Ti na nossa culpa, porque ninguĆ©m hĆ” que possa estar na Tua presenƧa por causa disto. Em outras palavras, Senhor, nós só fomos poupados porque vocĆŖ Ć© justo. Ora, poupar Ć© quĆŖ? Misericórdia. EntĆ£o, a oração de Esdras estĆ” a dizer assim, Deus, porque vocĆŖ Ć© justo, nĆ£o nos eliminaste todos, nos deixastes. Quer dizer que a misericórdia de Deus Ć© a manifestação da justiƧa de Deus. EntĆ£o, quando o Senhor Jesus estĆ” a dizer, quando lhes aponta para OsĆ©ias 6, versĆculo 6, Eis que misericórdia quero e nĆ£o sacrifĆcio, estĆ” a dizer o quĆŖ? VocĆŖs deixaram de praticar a justiƧa.
A misericórdia de Deus é a justiça de Deus. Daniel 9, 16 a 17. Nós vamos ler também a oração de Daniel. O Senhor, segundo todas as Tuas justiças, segundo todas as Tuas justiças, aparte a Tua ira e o Teu furor, da Tua cidade de Jerusalém, do Teu santo monte, porque por causa dos nossos pecados e por causa das nossas iniquidades, de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o Teu povo um opróprio para todos que estão em redor de nós.
Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do Teu servo e as Suas sĆŗplicas, e sobre o Teu santuĆ”rio assolado faz resplandecer o Teu rosto, por amor do Senhor. Essa oração estĆ” a suplicar o quĆŖ? Misericórdia. Mas estĆ” a suplicar essa misericórdia na linguagem de justiƧa. Senhor, versĆculo 16 de novo, segundo todas as Tuas justiƧas. EntĆ£o, qualquer conversa de justiƧa que nĆ£o tem misericórdia Ć© hipocrisia. O nosso Senhor Jesus estĆ” a chamar essa gente de hipócritas.
EstĆ” a reclamar que eu estou a sentar com publicanos e com pecadores. Porque vocĆŖs nĆ£o entendem que Deus, o Deus justo, Ć© misericordioso. VocĆŖs nĆ£o tĆŖm na vossa compreensĆ£o o carĆ”ter e o coração de Deus. Deus nĆ£o quer que os pecadores morram no pecado. Mesmo no Velho Testamento encontramos isso. EsqueƧa que eu, 18, provavelmente nĆ£o estou a confundir o capĆtulo. Mas Ć© esse o problema. Eles falam da justiƧa de Deus, mas nĆ£o tem misericórdia. Mas a justiƧa de Deus, sem a misericórdia de Deus, nĆ£o Ć© justiƧa.
EntĆ£o Ć© a hipocrisia que eles estĆ£o a apresentar. Do verso 14 a 17, os Ćŗltimos versos do nosso estudo de hoje, nós lemos EntĆ£o chegaram ao pĆ© dele os discĆpulos de JoĆ£o. Ć interessante. Primeiro os escribas, os fariseus e agora vem tambĆ©m os discĆpulos de JoĆ£o. Eles vĆ£o dizer, porque jesuamos nós e os fariseus muitas vezes e os seus discĆpulos nĆ£o jesuam? Ć uma questĆ£o doutrinal. Alguma coisa nĆ£o estĆ” bem. Tu Ć©s um mestre e tens uns seguidores.
Nós jesuamos muito. Os escribas, os fariseus tambĆ©m jesuam muito. Como Ć© possĆvel que vocĆŖ que diz que serve o mesmo Deus que nós, nĆ£o jesuam muito como nós? Verso 15, e disse Jesus Podem, porventura, andar tristes os filhos das bodas, enquanto o esposo estĆ” com eles? Dias, porĆ©m, virĆ£o em que lhes serĆ” tirado o esposo, e entĆ£o jesuarĆ£o. NinguĆ©m deita remendo de pano novo em roupa velha, porque semelhante remendo rompe a roupa, e faz-se maior a rotura.
Nem se deita vinho novo em odres velhos. AliĆ”s, rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se. Mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam. Como sempre, como rabi, como mestre, nosso Senhor Jesus usa exemplos prĆ”ticos do dia-a-dia para ensinar verdades espirituais. A ideia aqui, a primeira, as duas imagens sĆ£o a mesma coisa, só usa sĆmbolos diferentes. Ele primeiro diz que ninguĆ©m deita remendo de pano novo em roupa velha. Em outras palavras, a roupa velha vai ficando fraca como um conjunto.
Então, a sua fraqueza tem a ver mesmo com a sua idade, seu tempo. Se tu pegares numa roupa, num pano novo, a consistência do pano novo não é igual à fraqueza que tem o pano velho. Então, não vai dar certo. Tem que ser algo do mesmo tempo, ou da mesma velhice, ou da mesma fraqueza, pra você juntar o pano velho. Essa é a imagem que o Senhor estÔ a dizer. Em outras palavras, se vocês aprenderam durante esses anos todos, estão a aprender com João, estão a aprender com os fariseus, a vossa forma de pensar estÔ formatada numa certa consistência.
E vocĆŖs nĆ£o estĆ£o na mesma consistĆŖncia com aquilo que Ć© novo. Em outras palavras, hĆ” uma falta de flexibilidade do vosso lado pra entenderem o que eu estou a trazer. Ć isso que Jesus estĆ” a falar. E pra vocĆŖs conseguirem, terĆ£o que seguir, em outras palavras, a mesma velocidade que eu estou a dar aos meus discĆpulos. E Ć© a mesma coisa que o outro exemplo dĆ”. Ele vai dizer, Qual Ć© a ideia aqui? Ć a mesma que nós acabamos de explicar, só que a imagem Ć© outra.
Os recipientes eram, vamos lĆ” dizer, recipientes que eram feitos com pele de ovelha ou de cabra para guardar lĆquidos. Vinho, Ć”gua, leite, enfim. Naquele tempo nĆ£o tinham os nossos bidons que nós temos nós. EntĆ£o, eles pegavam nessas em pele de animal e preparavam de um jeito tal que era para guardar lĆquidos. Agora imagina o caso desse utensĆlio. Depois de ela ter, sobretudo, um lĆquido que inflama como vinho ou como leite, a pele vai esticando, nĆ£o Ć©? EntĆ£o, agora ela estĆ” esticada.
Chega um momento que a sua capacidade de esticar chegou praticamente ao fim. Quando você vai pÓr um vinho novo ou um leite novo, a nova inflamação vai expandir um pouquinho mais aquilo. Aquilo poderÔ rebentar. Então, o ideal era que a expansão dessas odres fossem feitas no mesmo tempo com um vinho apropriado. Tipo, odre nova, vinho novo e vai expandir até o mÔximo daquele produto. Não do tipo que depois vai trazer algo novo e vai tentar expandir mais e jÔ não vai aguentar.
A ideia Ć© mais ou menos essa. E como Ć© que isso se aplica Ć lição que o nosso Senhor Jesus estĆ” tentando dizer? Ć a mesma coisa. VocĆŖs estĆ£o formatados. No caso dos discĆpulos de JoĆ£o, vocĆŖs foram formatados ao modo de JoĆ£o. HĆ” muito tempo que vocĆŖs seguem a JoĆ£o e pensam do jeito que JoĆ£o vos ensinou. VocĆŖs sĆ£o discĆpulos dos fariseus. VocĆŖs foram formatados Ć forma de interpretação dos fariseus. EntĆ£o, vocĆŖs estĆ£o a ter dificuldade de entender a forma que eu lido com os meus discĆpulos porque sĆ£o habituados a uma forma diferente de pensar.
A Ćŗnica forma de vocĆŖs entenderem a minha forma de pensar Ć© se vocĆŖs se tornarem mais flexĆveis. Ć a renovação da vossa compreensĆ£o das coisas. Mais ou menos isso. Que nĆ£o Ć© muito diferente de nós tambĆ©m, sabe? Por vezes, vocĆŖ cresce numa denominação ou cresces a ler certos autores e vocĆŖ pƵe no teu coração aquela que as pessoas estĆ£o certas, a doutrina correta Ć© essa, a interpretação correta Ć© essa. Um dia depois vocĆŖ encontra alguĆ©m que diz, olha, isso aĆ, essa interpretação, nĆ£o acho que Ć© a melhor.
A nossa tendência natural é dizer, não concordo. Não concordo, não sei o que estÔ a fazer com isso não. Por quê? Porque você habituou-se com ordens velhas. à o teu hÔbito, é a cultura. à preciso pedir a Deus flexibilidade. Todos nós não somos perfeitos no nosso entendimento e vamos aprender a vida toda. O que nós precisamos é um coração ensinÔvel e que estÔ sempre diante de Deus a dizer, Deus, me ensine a aprender. E me ensina também a desaprender.
Porque hĆ” coisas que eu acho que estou certo, afinal nĆ£o estou assim tĆ£o certo. E eu acho que aqui o Senhor Jesus bate muito bem nesse ponto. EntĆ£o para hoje Ć© aqui onde nós paramos, no versĆculo 17. E a próxima vez, permita a Deus, vamos continuar no versĆculo 18 para lĆ”. AmĆ©m? AmĆ©m.